Mergulhar na arte, no papel de artista, foi a forma mais sincera de autoconhecimento já experienciada por mim. Sempre fui apaixonada por arte, mas não conseguia me imaginar no papel de quem cria. Assim como muitos, a quarentena foi o empurrão necessário para descobrir novos caminhos e desejos. Para mim, o que marca o início de tudo foi testar o contorno cego; a partir dessa técnica, consegui me desprender das amarras que não me permitiam criar. Hoje, criar arte faz tão parte do meu ser quanto respirar.
O meu fazer artístico é como um vulcão em erupção, motivado por uma música ou sentimento intenso. Gosto de explorar todos os possíveis sentidos e desdobramentos das linhas - que, no final, se tornam gritos expressivos. Procuro explorar os pluriversos que existem em mim; os olhos-vulva são meu portal para um mundo paralelo onde os seres orgânicos, que trago em minhas pinturas, vivem. O processo não é linear ou racional, cada superfície se torna uma nova oportunidade para o meu inconsciente se manifestar. Não há a necessidade de se induzir em estado meditativo, o próprio fazer artístico é a indução necessária.