Desvio da Alteridade

Autor: SubVersiva


Cadastrado em 20/04/2021
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Data: 2021
Tipo de obra: Colagem
Técnica: Colagem analógica sobre papel cartão, 90g
Dimensões: A 0,36 x L 0,30
Localização: Acervo Pessoal
Cor primária: vermelho
Cor secundária: Descrição: Desvio da Alteridade
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alteridade
substantivo feminino
1.
natureza ou condição do que é outro, do que é distinto.
2.
FILOSOFIA
situação, estado ou qualidade que se constitui através de relações de contraste, distinção, diferença[...]

Esse reconhecimento, ou essa ‘alteridade’ não é somente se reconhecer como indivíduo, até porque para pessoas negras, ‘se reconhecer através do outro’ é mais complexo...

O despertar da negritude pode ser diferente para cada pessoa negra, sendo que, muitas delas relatam que, essa descoberta se dá ainda na infância e infelizmente através do racismo. No meu caso, uma mulher negra de pele clara, se deu na adolescência. Isso porque a cor mais clara da minha pele atribui uma certa vantagem social, ou o mito da democracia racial que faz as pessoas me enxergarem como ‘parda’ ou até mesmo ‘moreninha’, e não como negra. Minha identidade, bem como minha negritude, está em construção diariamente, até porque buscar uma identidade negra, num país majoritariamente racista como o Brasil, tem sido um grande desafio.

Esse conflito de identidade se dá por conta da herança do colonialismo, em que traz o homem branco, no pilar dessa identidade e desse ideal que, jamais iremos ating. Segundo Fanon, em seu livro, ‘Pele Negra, Máscaras Brancas’, o negro, ao tentar se assemelhar ao branco, ele renega sua cor e os seus irmãos, a fim de se afirmar como branco. Ele até aprende a língua, os costumes, a cultura… mas ele se esquece de um ‘pequeno’ detalhe, sua cor da pele ainda é preta. Esse negro que tenta de todas as formas se parecer com o branco, é chamado por Fanon de ‘o bom preto, ou um bom negro’.

Aqui, declaro a importância de se pesquisar a cultura negra e afro brasileira, com o objetivo de se criar uma identidade e empoderar gerações futuras. Quero que meus filhos tenham esse reconhecimento a partir dessas referências ainda na infância, e que consigamos juntos, construir uma sociedade mais justa e menos racista para todos que estão por vir. De qualquer modo, ainda estamos vivos e continuaremos (R)EXISTINDO, porque assim, sempre o é!

Fotos da obra

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